Diz a mitologia grega que Medusa é um monstro do sexo feminino com cabelos de cobra. Quem olhar Medusa vira pedra. Na vida real, Medusa é aquela catequista negativa, que raramente ajuda, pouco confraterniza, nada partilha, mas tece críticas violentas, aponta os erros e consegue muitas vezes paralisar todo um trabalho de evangelização.
Você conhece alguma catequista Medusa? Eu conheço e ela tem paralisado muita gente. Infelizmente nossas Igrejas estão cheias de Medusas. Elas falam manso e nunca dizem suas reais opiniões na frente dos párocos. Elas agridem as lideranças em momentos específicos de muito trabalho ou mais precisamente quando algo aparentemente não obteve sucesso. Aproveitam as fragilidades. Medusa é cruel, seu olhar é medonho, ela não mede as palavras, acusa, aponta e enfim consegue: paralisa!
Às vezes me pergunto onde esta a vitória de Medusa. Será que ela tem mesmo esse poder ou será que nós desconhecemos a nossa força? Até que ponto ela pode nos influenciar?
Trago essa reflexão porque é constante a queixa dos irmãos catequistas em torno de companheiros de pastoral sempre arrogantes e por vezes cruéis com todos. É triste ver alguém se afastar porque não suporta o outro, é triste ver alguém fingir que não percebe o quanto é cruel e porque não dizer infernal no trato com o irmão.
Trabalhar em grupo não é fácil, já sabemos. Na Igreja, há hierarquias, mas nem sempre sabemos ouvi-las, nem sempre sabemos como nos posicionar. Medusa não está preocupada com isso, ela vem e despeja de maneira egocêntrica o que acha que é melhor para todos – diga-se de passagem melhor para ela – ela incita brigas, exclui, faz questão de arrumar um jeitinho de dizer: melhor seria se você não estivesse aqui.
Qual o perigo de Medusa? Ela tem o dom de paralisar, de fazer com que acreditemos que Igreja é ninho de cobras, mas as cobras estão na cabeça da pobre coitada que consegue fazer um estrago tremendo quando não temos uma vida de oração e de partilha. Ela nos faz acreditar que somos pedra de tropeço, que de nada valemos e que melhor é se afastar para não se magoar e não atrapalhar.
Pobre Medusa. Ela se esqueceu que nós também sabemos das coisas, nós estudamos, nos preparamos, rezamos e buscamos informações que enriquecem nosso evangelizar e por isso mesmo já sabemos que a catequista Medusa - assim como sua xará mitológica – é mortal. Se ela se ver, assim como tem se mostrado, certamente vai paralisar.
Que tal paralisarmos Medusa? Ela precisar se olhar no espelho e enxergar que também é humana, assim como nós. Ela necessita compreender que a vida em comunidade exige partilha, diálogo, compreensão, vivencia e oração. Ela também precisa enxergar que muitas vezes se erramos é porque não temos medo de tentar acetar. Talvez ela tema, e ache que todos deveriam como ela andar com medo, cheios de cobras na cabeça.
É triste falar sobre isso, mas é necessário. Uma vez penetrados pelo olhar de Medusa é preciso ter coragem para olhá-la de frente, argumentar, esclarecer e não esmorecer. É preciso saber em quem colocamos a nossa fé e no dia que tivermos certeza disso, nem Medusa nem outro ser mitológico conseguirá fazer-nos parar, ao contrário, suas caraminholas e cobras na cabeça nos farão perceber que há muito o que fazer e além dos catequizandos, precisamos nos preocupar com a evangelização de cada catequista, de cada irmão.
Quando encontrardes uma Medusa podes até pensar: Estou cansado, entristecido, não suporto mais, preciso parar. Mas lute contra isso, pois se Medusas ainda existem elas são a prova mais concreta de que é preciso continuar.
Clécia Ribeiro
(catequese.caminhando@gmail.com)